Os dias são outros, evidentemente. Mas não custa lembrar que os cristãos de hoje também devem, de vez em quando, botar o pé no freio e se submeter a um check up espiritual, antes de acelerar a vida pelo mundo afora.
Neste ano, a Campanha da Fraternidade adverte os católicos para que, com uma mão, afastem todo tipo de violência e, com a outra, aproximem de si a fraternidade e a justiça. Duas tarefas pesadas, pois a violência sempre fez sombra aos homens, enquanto a prática da justiça e a fraternidade universal ainda estão devir, no desejo: “Dias virão (quando?) em que lobo e cordeiro pastarão juntos, …” (Is 65,25).
A humanidade tem evoluído, sim, mas… quase sempre para o lado errado. Se não, vejamos: nos dias de Hamurabi (soberano babilônico do século XVIII a.C.) um olho custava o do vizinho, e um dente, o dente alheio. Justiça feita, cada qual voltava resmungando para seu canto, e tudo estava resolvido. Hoje, ao menor descuido, um míssil tende a atrair outro, ainda mais feroz, lá do lado oposto do planeta. E o estrago, portanto, sobra pra todo lado.
Acontece que a história vai de avanços e recuos. Sobre essa marcha a ré consta que, um dia, alguém quis ouvir Einstein: “Como seria uma Terceira Guerra Mundial?”. “Não faço ideia! – respondeu o ilustre físico -. Mas a Quarta será na base do arco e da flecha, sem dúvida”. Pelo andar da carruagem, eu concluo que o pai da teoria da relatividade queria dizer que logo voltaremos ao corpo a corpo do velho e justo Hamurabi. Regredindo mais ainda, poderíamos desembarcar no Éden, onde o Senhor “viu tudo quanto havia feito, e era tudo muito bom” (Gn1,31). E todo mundo sabe no que deu aquilo.
Voltar ao paraíso terrestre é obviamente impossível, mas São João da Cruz diz que não custa tentar. “É preciso cavar fundo em Cristo, que se assemelha a uma mina riquíssima, contendo em si os maiores tesouros: nela, por mais que alguém cave em profundidade, nunca encontra fim ou termo. Ao contrário, em toda cavidade aqui e ali novos veios de novas riquezas surgirão”, afirmava. Mais do que um convite, um apelo.
E, mais do que um convite, Mundo e Missão também apela: leve aos amigos, à paróquia, à escola, ao trabalho, tudo aquilo de bom que esta edição põe em suas mãos. E deixe para trás a terra suja que a “grande imprensa” oferece ao seu jantar. Afinal, você e eu assumimos o compromisso essencial de manter vivo este veículo de formação humana e cristã. Então, mãos à obra! Cavemos juntos na mina riquíssima apontada por João da Cruz. Dela, novos veios de novas riquezas surgirão nesta Páscoa, com certeza!