Conheça a experiência que a nutricionista Mariana Gaspar Nicolau, de 24 anos, realizou na África
Quando concluí a faculdade de Nutrição, no final de 2016, o sonho de ir à África reacendeu. Achei que era o momento certo, pois iria começar a minha carreira. Precisei dar alguns passos e me organizar financeiramente para ir. A primeira coisa foi abrir mão da festa de formatura. Também era um sonho participar daquele momento. Mas, era mais importante investir o dinheiro na viagem para a África, do que em uma noite de diversão.
Outra dificuldade foi a comunicação com o pessoal da comunidade que iria me receber em Fontem. Às vezes, eu não tinha retorno imediato, pois internet e telefone ainda são raros naquele lugar. Cheguei a pensar que não iria dar certo, pois as respostas demoravam. Então, decidi entregar esse plano a Deus.
Até que desembarquei em Douala. Ao chegar lá, descobri uma realidade muito diferente. A República dos Camarões é um país muito carente e pobre. Parti para o vilarejo de Fontem, que fica no estado de Nveh, onde fiquei oito meses. É nesse lugar que o Movimento dos Focolares desenvolve um trabalho social e humanitário com a comunidade.
Trabalhei no hospital Mary Health of Africa, como nutricionista. Foi complicado no início porque o hospital não tinha quase nada relacionado à educação nutricional. Tive que aprender muito a respeito da alimentação e da cultura nativas. Não adiantava eu seguir o que havia estudado no Brasil, porque a alimentação, as condições financeiras e sociais, bem como o modo de preparar o alimento, eram diferentes. Aos poucos me aproximei dos funcionários do hospital e comecei um trabalho de educação nutricional. Um conselho “bobo” que eu dava era algo que transformava a saúde do paciente, porque, para ele, era uma informação nova. Foram experiências muito simples, mas ricas.
A maioria das casas não possui água encanada. É comum as pessoas acordarem cedo e irem encher os galões. Muitas crianças contavam que, ao acordar, ficavam com preguiça de buscar água. Mas iam, por amor à família. Na nossa cultura é difícil ouvir uma criança de cinco anos contar uma experiência dessas.
O que mais me alegrou foi a convivência com as pessoas da comunidade, o relacionamento com o outro. As pessoas passam por muitas dificuldades, mas estão sempre felizes. Às vezes, temos tantas coisas aqui e não valorizamos.
A experiência que fiz teve suas dificuldades. Mas Deus me deu forças para recomeçar. Sinto muita alegria por tudo que fiz naquela comunidade. Na verdade, por tudo que nós fizemos. Nunca fiz nada sozinha. Era sempre uma comunidade inteira em ação.
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