
catechesiverona.it – No caminho de Emaus . As imagens deste post referem-se ao ciclo Os peregrinos de Emaus (1993-94) pintado na Igreja paroquial da Ressurreição em Torre de’ Roveri, na Itália.
Mais um passo no Rastro de Deus. Um rastro que encontra na alma humana, mais precisamente na resposta da fé ao chamado de Deus, o lugar para se concretizar, transformando-se, no caso da pintura, em cores, luzes, figuras. Assim nasceu Arcabas, um dos mestres da arte sacra contemporânea.
Mas, então, por que, no âmbito da palavra, obteve-se certa renovação da arte com conotação cristã, enquanto na pintura isto é algo tão difícil? São raros os pintores que tiveram a capacidade de representar o mistério. Eu conheço só Chagall, Rouault e, hoje, você. Digo francamente: não conheço muitos que tenham tido esta capacidade de aproximar-se do mistério de Deus, do mistério cristão, com uma arte que consiga Pressentir uma presença.Eu não sou um homem da palavra – principia Arcabas. – Fui professor de pintura, mas a linguagem verbal não é a minha forma de expressão. Quanto mais envelheço, tanto mais percebo que as palavras são limitadas, imperfeitas. São como pedras que constroem campos de concentração, que me sinto obrigado a derrubar para encontrar uma espécie de virgindade da sensação, de lembrança da minha infância, daquilo que é o húmus real do meu trabalho de pintor. E quanto menos eu falo, melhor me sinto.

A acolhida
Não sei se consigo apresentar razões que expliquem esta falta de artistas em relação à fé. Você falou de Rouault, de Chagall, para nos limitarmos à época contemporânea, e eu noto que estes artistas tinham fé. Mas você sabe que quando os frades dominicanos construíram a igreja de Nossa Senhora de todas as graças, no plateau d’Assy (o planalto de Assy fica no sul da França, próximo dos Alpes, ndr), decidiram que não poderia ser ‘arte sacra’ se, antes, não houvesse realmente ‘arte’. Eis porque convidaram os artistas mais famosos daquela época, de variadas origens, entre os quais Matisse, Chagall, Bonnard, Braque, Rouault, Germaine Richier, Jacques Lipchitz, Fernand Léger, Jean Lurçat. E nem todos tinham fé religiosa. Tudo isso para dizer que não se pode entrar no sagrado, se nós, artistas figurativos, não entramos antes na arte. Porque já existe uma abundância de arte feia.
Até demais, inclusive no âmbito eclesial.
Exato! Você sustenta que houve uma renovação da linguagem cristã: é possível que sim, mas não estou convencido. Desejaria que esta linguagem fosse determinada, em prol de todos os não crentes que conheço, pela generosidade dos crentes que saem à procura dos outros; que fosse uma linguagem simples. Porque, já que estamos entre nós, podemos fazer o esforço de entender coisas também difíceis. Mas, para as ovelhas que ficam à espera, que não pertencem ao mesmo redil, e que querem ir à procura do pastor, é preciso uma linguagem, não que as alcancem, mas que as chame. Não é a mesma coisa.