As fashion blogger do mundo árabe usam calças largas e mangas compridas respeitando a tradição islâmica, mas não renunciam à moda. Pelo contrário: com milhões de seguidores no Instagram, as influenciadoras digitais estão revolucionando padrões
Como sempre acontece nesses casos, as grandes marcas de moda contrataram Ascia como promotora de suas roupas, alimentando ainda mais sua fama. Recentemente, a jovem criou até mesmo uma coleção especial para o Ramadã, que consiste em vinte peças de roupas projetadas para serem particularmente práticas durante o mês de jejum previsto pelo Islã. Hoje, com seus 2,3 milhões de seguidores no Instagram, Ascia é considerada uma das maiores influenciadoras do mundo árabe, com interatividade no Oriente Médio, Malásia e Indonésia. Mas não está sozinha.
Com ela há Dalal Aldoub, também do Kuwait e especialista em make-up; a indonésia Dian Pelangi, cujo perfil é seguido por 4,8 milhões de pessoas; e Basma Kahie, que lançou uma loja on-line para hijab e acessórios islâmicos.
Nos últimos anos, a moda para mulheres que querem se vestir respeitando as normas corânicas sem sacrificar o estilo se espalhou, especialmente graças ao trabalho das fashion blogger. Elas exibem abaya e hijab com fantasias glamourosas e têm desencadeado uma pequena revolução de gênero.
Sem renunciar a calças largas e mangas compridas, como prescrito pela tradição muçulmana, as influenciadoras kuaitianas, catarianas, israelitas e sauditas – essas últimas até recentemente sujeitas por lei a um rígido código de vestuário (dress code) – encontraram uma maneira de serem consideradas pelo mercado. Tentando combinações e interpretações livres do estilo islâmico, elas trouxeram dezenas de marcas, também ocidentais – da H&M à Dolce & Gabbana –, para reservar suas coleções específicas para elas. Mas em torno deste setor nasceu um novo grupo social, o das Muslim Millenials, as jovens nascidas entre 1980 e 2000, que estão transformando a paixão por roupas em uma ferramenta expressiva muito poderosa para difundir opiniões que, amanhã, poderiam não se referir apenas ao mundo da moda.
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