É preciso que o processo de iniciação da fé leve o catequizando a unir-se integralmente a Jesus Cristo, como discípulo e membro vivo da comunidade cristã
Na realidade, para a Igreja, desde os seus primórdios, a prioridade das prioridades na evangelização, na catequese, na liturgia e na vida cristã prática, são os adultos. “É necessário prestar crescente atenção à catequese de adultos e reconhecer que a catequese das crianças depende mais do que nunca da fé dos adultos”, diz o documento final do Congresso Internacional de Catequese de 1971, realizado em Roma. Nesse sentido, felizmente, há experiências práticas, criativas e fecundas produzindo entusiasmo renovador em toda a comunidade cristã.
O processo catecumenal que hoje se apresenta como novo foi um caminho antigo de transmissão da fé a partir das testemunhas vivas da palavra e ação de Jesus. Trata-se de um itinerário, um caminho de pertencimento que leva em conta as experiências da comunidade dos seguidores de Jesus antes, durante e depois da Páscoa. A atitude de quem se põe a caminho é a de uma pessoa discípula, aprendiz, seguidora do Mestre (cf. Documento 107 da CNBB).
Importância da vivência
Nas primeiras comunidades, o valor do mistério cristão e da Igreja era explicado e experimentado numa vivência marcada pelo rito, por meio de uma catequese chamada “mistagógica”, isto é, que inicia ao mistério. O rito, ao envolver a pessoa por inteiro, marca-a mais profundamente do que a simples instrução e permite interiorizar o que foi aprendido e proclamado, realçando a dimensão de compromisso.
O Concílio Vaticano II recomenda que a catequese seja feita em continuidade com a liturgia. Dessa forma, o processo de iniciação aos sacramentos é um meio para fortalecer a pessoa no seguimento de Jesus e não um fim em si mesmo.
Iniciação não é conclusão, muito pelo contrário, é para despertar o gosto e apontar caminhos; oferecer apoio e cultivar experiências.
A celebração do sacramento apenas para cumprir um preceito ou dar continuidade à tradição familiar não realiza o que o termo iniciação significa. Iniciar é ir para dentro, entrar no processo, começar algo que desenvolva uma identidade cristã capaz de sustentar a fé ao longo de toda a existência.
Para que isso se realize é necessário formar catequistas comprometidos com o processo de iniciação num itinerário catecumenal, conforme está escrito no Diretório Geral de Catequese: “Aqueles que, movidos pela graça, decidem seguir Jesus, são introduzidos na vida religiosa, litúrgica e caritativa do Povo de Deus” (DGC nº 134). O mesmo Diretório alerta que, muitas vezes, a praxe catequética apresenta uma ligação fraca e fragmentária com a liturgia. A atenção aos símbolos é tímida e a riqueza do mistério que vai se desdobrando por meio do Ano Litúrgico tem pouca sintonia com o itinerário catequético.
É preciso que o processo de iniciação leve o catequizando a unir-se integralmente a Jesus Cristo, como discípulo e membro vivo da comunidade cristã. Dessa forma, para que haja uma catequese eficaz, faz-se necessária uma articulação viva com a liturgia. Foi assim – num itinerário de catequese e celebração – que Jesus explicou as Escrituras, partiu o pão, formou comunidade, aqueceu o coração dos discípulos e provocou o convite: “fica conosco Senhor” (cf. Lc 24).
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