
Ilustração: Malte Mueller
Os extremismos não têm pátria e nem profissão de fé: miram pelo mundo “os diferentes” ou “os inferiores” |
Todos os anos, os católicos gastam bilhões para salvar vidas e construir escolas para crianças carentes. Mas isso não impede que eles paguem pelas consequências políticas dos países ocidentais, geralmente laicos. Nem o Vaticano tem poderes sobre estes países seculares. Se o lugar dos cristãos é importante nos livros do Islã, incluindo o Alcorão, é tempo de o mundo muçulmano perguntar-se sobre o aumento da cristianofobia. Esta odiosa interpretação produz bombas humanas que matam tudo o que é diferente, inclusive os muçulmanos que não pensam como eles”.
Os fatos demonstram que os extremismos não têm pátria e nem profissão de fé. Eles miram pelo mundo “os diferentes”, ou “os inferiores”. Em 2011, por exemplo, o terrorista cristão da extrema-direita norueguesa Anders Breivik matou 77 pessoas que não pensavam como ele. Recentemente, aconteceram ataques às mesquitas de Londres e Quebec. Onze fiéis judeus foram assassinados em uma sinagoga em Pittsburgh. Na Nova Zelândia, terroristas invadiram duas mesquitas, deixando um saldo de 49 mortos e mais de 40 feridos. No fim de abril, um “lobo solitário” matou uma pessoa e feriu outras numa sinagoga na Califórnia. Há outros episódios dos quais pouco se fala.
Os latinos afirmavam que “extrema se tangunt” para dizer que “os extremos se tocam”. Ou seja: todos os extremismos, todas as intolerâncias, não importa de que lado venham, têm um só objetivo: a própria supremacia. Os nazistas, por exemplo, pregaram a pureza da raça ariana, que seria a linhagem “não infectada” dos seres humanos. Portanto, tinham a “obrigação” de eliminar os que eles julgavam “inferiores”, particularmente os judeus. E deu no que deu.
Nunca devemos lamentar o “martírio” de alguém que foi assassinado na defesa da fé, apenas porque a vítima pertencia à nossa religião. Ou seja, a intolerância e o extremismo devem ser condenados em si mesmos, independentemente do grupo contra o qual tais atos infames sejam praticados.
Caso contrário, a condenação corre o risco de incendiar a nossa própria intolerância. E sabemos quanto sangue já manchou o tecido da nossa história humana.