
Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! (Lc 2, 10-11)
Crescemos. As rádios e as vitrines de outrora continuam em nossa vida. Mas com outros sons, agora estridentes, e outras cores, hoje berrantes e provocativas. Ao invés de “Noite feliz! Noite feliz!”, pancadão e noticiário policial. A alma não se enche mais de uma doce paz e de esperança. E sim de medo e de passos apressados. A árvore de natal não tem mais seivas e nem raízes. Será logo despida de penduricalhos e jogada fora.
Ao invés de manjedoura, magos e ovelhas, papais-noéis mal ajambrados nas calçadas e o apelo nas vitrines e na TV, com mil bugigangas às crianças, que são a alma do negócio. Negar-lhes tais produtos chega a nos causar uma fisgada na consciência, acuada pelas artimanhas do mercado.
Perante este estado de coisas os céticos garantem que Deus morreu. Outros afirmam que Ele se cansou (“Quando vier o Filho do Homem, porventura achará fé na terra?”. Lc 18:8) e então deu as costas à humanidade. “Nada disso!”, insiste a teologia cristã, argumentando que, se a ruptura foi inaugurada ao sabor de um fruto proibido do Jardim do Éden, foi nos tempos de Herodes que “um filho nos foi dado”. O recém-nascido era bafejado por alguns animais que lhe emprestaram o abrigo na longínqua Palestina.
Perceba, amigo leitor, que a iniciativa da ruptura foi nossa, mas que o reatamento veio do alto e foi anunciado em dezembro: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lc 2, 10-11).
É nossa, portanto, a liberdade de continuarmos a admirar as cintilações de um pinheiro sem raízes, ou a partilhar daquela frágil esperança agasalhada pelos braços de uma jovem mulher em Belém de Judá.
Mundo e Missão convida você a reacender o círio do seu batismo, para que a sua chama ajude a iluminar o humilde abrigo da família de Nazaré. E aí então a minha e a sua alma voltarão a ser as crianças de outrora, e nossos ares rodopiarão repletos de uma doce paz.