Mianmar: "A tragédia não extinguiu a esperança, ressurgiremos com Cristo", afirma Dom Tin
- Editora Mundo e Missão PIME
- há 5 dias
- 4 min de leitura
“Sentimo-nos confortados ao ver que toda a Igreja está próxima de nós, nacional e universal. O Papa Francisco também está orando por nós e nos dá grande consolo e esperança. A Páscoa está se aproximando: estamos nas mãos de Deus e ressuscitaremos com Cristo. No ano do Jubileu, renovemos nossa esperança em Cristo. Confiemos em Maria, Mãe de Deus, para que nos proteja do mal, dos perigos e da morte”, diz o arcebispo de Mandalay, epicentro do terremoto que atingiu fortemente Mianmar em 28 de março

“O sofrimento é sempre maior, e esperamos cada vez mais em Deus. Hoje, nosso povo vive ainda mais na esperança da misericórdia de Deus, na certeza de seu amor. Há uma mensagem de Deus que está além de nossa inteligência e compreensão humana. Nosso único caminho é nos confiarmos ao seu amor misericordioso e reafirmarmos nossa esperança no plano salvífico de Deus”, disse dom Marco Tin Win, arcebispo de Mandalay, que inclui o território mais atingido pelo violento terremoto de 28 de março, em entrevista à agência missionária Fides. Em uma situação em que a eletricidade e as conexões telefônicas estão funcionando com dificuldade - dados os danos à infraestrutura - o arcebispo dá uma visão geral da situação local e do espírito que anima os cerca de 20.000 católicos em Mandalay hoje, entre os quais muitos estão agora deslocados. O próprio arcebispo, juntamente com os padres da cúria, compartilha o destino dos sem-teto, pois, como a catedral e a residência arquiepiscopal foram danificadas estruturalmente, por motivos de segurança, ele passou noites nas ruas, com as pessoas ainda chocadas e assustadas, vivenciando as dificuldades dos desabrigados.
Resposta imediata da caridade
Após o trauma e o choque das primeiras horas, a resposta da caridade foi imediata: “Assim que ocorreu o terremoto – conta ele, os padres e os religiosos alertaram e resgataram todas as pessoas nas igrejas, nos conventos, no seminário. Nós nos certificamos de que ninguém tivesse se machucado. Encorajamos e consolamos as crianças assustadas e algumas abandonadas nas estradas. Muitos vieram se refugiar nos complexos das igrejas, onde ainda são viáveis. Com nossos parcos recursos, compartilhamos água, comida e abrigo com eles, enquanto esperamos que a ajuda externa chegue até nós”.
Mobilização para atender às necessidades mais urgentes
Ao descrever a situação, o arcebispo Tin Win observa que o epicentro do terremoto, entre as cidades de Mandalay e Sagaing, está na Arquidiocese de Mandalay e vários municípios foram fortemente afetados. “Os primeiros relatórios sugerem que mais de 1.000 pessoas perderam a vida somente aqui em Mandalay, mais de 2.200 ficaram feridas e 200 estão desaparecidas. A mobilização humanitária está tentando atender às necessidades mais urgentes dos desabrigados, ou seja, “água potável, alimentos, abrigo temporário, medicamentos, kits de higiene”, diz ele.
Comunidade católica fortemente atingida pelo terremoto
A comunidade católica também foi afetada, com algumas famílias em luto e danos às instalações de culto e pastorais: “A Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, na cidade de Sagaing, a Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, na cidade de Yamethin, e a Igreja dos Santos Joaquim e Ana, no município de Sint Kaing, desabaram. Das quarenta igrejas da diocese, essas três foram as mais afetadas. Entre as outras, todas apresentam rachaduras, pequenas ou grandes. Cerca de 25 igrejas não estão aptas para a celebração de liturgias com segurança. Além disso, o Seminário Intermediário na cidade de Mandalay também está muito danificado e o Seminário Menor em Pyin Oo Lwin tem rachaduras na estrutura do prédio”.
Sofremos e rezamos juntos, consolamos uns aos outros
No entanto, a tragédia não extinguiu a fé, na verdade, observa o arcebispo, ela gerou um impulso de oração incessante, enquanto entre a guerra, o terremoto e o luto, “estamos no auge da dor”. “Mesmo nesse caos terrível, ninguém se sente à mercê dos acontecimentos: sofremos juntos, consolamos uns aos outros e rezamos juntos”, diz ele. “Dirigi palavras de encorajamento às pessoas: Não tenham medo. Nós estamos aqui. O Senhor nos diz: Eu estarei contigo”, relata. “O desastre - continua o prelado - une as pessoas sem qualquer discriminação de etnia, fé ou classe social. Vejo as pessoas apoiando umas às outras e expressando cada vez mais solidariedade e caridade entre si. Tantas pessoas de boa vontade se colocaram a serviço das vítimas, é um belo sinal”, observa ele. Neste momento, há muitas intenções de oração para compartilhar: ”Rezemos para que as almas dos falecidos sejam acolhidas pelo Senhor. Rezemos pelos feridos, pelos vulneráveis e pelos que ficaram sozinhos, para que sejam consolados. Peçamos a Deus a força para sermos instrumentos de assistência espiritual e humanitária, para sermos instrumentos de seu amor por cada pessoa. E peçamos paz para nosso amado país, ferido pela guerra e pelo terremoto”.
O Papa ora por nós e nos dá grande consolo e esperança
“Sentimo-nos confortados - conclui o arcebispo - ao ver que toda a Igreja está próxima de nós, nacional e universal. O Papa Francisco também está orando por nós e nos dá grande consolo e esperança. A Páscoa está se aproximando: estamos nas mãos de Deus e ressuscitaremos com Cristo. No ano do Jubileu, renovemos nossa esperança em Cristo. Confiemos em Maria, Mãe de Deus, para que nos proteja do mal, dos perigos e da morte”.
Por Vatican News
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado sobre Mundo, Igreja e Missão, assine a nossa newsletter clicando aqui

Comments