Um professor do Rio de Janeiro criou o projeto “Qual é a graça?” contra a discriminação racial. Vamos conhecer um pouco sobre a iniciativa?
Luiz Rosa, que leciona Biologia, partiu para uma pesquisa com seus alunos com o intuito de conhecer quais nomes tinham relação com a questão racial negra. A lista foi de 360 apelidos, incluindo termos como “macaco”, “galinha de macumba” e “asfalto”. Nascia então a ideia do projeto “Qual é a graça?”.
A iniciativa tem como objetivo promover e valorizar a história negra e, em paralelo, combater os nomes pejorativos entre a turma. A ideia é que cada apelido dê lugar a uma foto, uma planta ou a uma atitude positiva dos alunos.
O local para o início da sensibilização foi o quintal abandonado da escola. Ali, o professor sugeriu a montagem de um memorial no muro a partir de pedaços de mármore. Cada peça teria gravado o nome de escravos mortos durante a Revolta das Vassouras, no século XIX. A extensa lista contempla nomes como “Simplício”, “Agostinho”, “Desidério” e outros tantos que fazem menção aos combatentes. O elemento virou um ponto de encontro para a abordagem de explicações pertinentes à época.
A vivência se estende para outros espaços escolares. Uma sala da escola aloja elementos que ilustram a vida dos escravos e também resgatam a cultura africana. Comumente, a turma é posta em contato com objetos que relembram a história negra, como, por exemplo, os grilhões – objeto que limitava os movimentos dos escravos.
Outra sensibilização partiu da criação de um jardim temático. Os alunos foram estimulados a pesquisar espécies vegetais que fizeram parte da história brasileira. Os estudantes plantam canela, noz-moscada, café e outras mudas e as acompanham ao longo de seu desenvolvimento. Para dialogar com a temática, os alunos ficam em contato com a planta por 60 dias para que tenham a noção do tempo em que um navio negreiro demorava a chegar no Rio de Janeiro quando partia de Angola.
Principais resultados
Luiz Rosa comemora o alcance do projeto. Os estímulos serviram de apoio para um trabalho transdisciplinar na escola. Segundo o professor, cada pergunta dos alunos permite uma abordagem diferenciada. Por exemplo: é possível simultaneamente explorar o desenvolvimento dos vegetais, resgatar a história dos negros escravos ao acompanhar o desenvolvimento das espécies e mesmo treinar a grafia correta de cada vegetal.
Ainda segundo o educador, os alunos mudaram a postura. Além de mostrarem mais interesse nas disciplinas, sentem-se mais à vontade uns com os outros, e claro, renunciaram o uso de apelidos pejorativos.
Fonte: Educação Integral
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